"Ah! Aconteceu..." ou "Ah! rolou..."
Hoje, quarta-feira de Cinzas, para muitos, assim como já foi pra mim, é apenas uma regra, lei e tradição a ser seguida, mas como aprendemos este é um tempo MUITO FORTE (bota forte nisso). Para nós que entendemos e vivemos o seu significado é o momento em que damos o primeiro passo ao deserto. Assim como Jesus, passaremos 40 dias em um lugar que não nos traz "prazer" mas muita reflexão, dor e que nos permite enxergar o nosso "eu", na presença de Deus. É hora de nos "retirarmos" da nossa rotina e voltar os nosso olhos para o nosso interior. Porque após esses longos dias teremos a nossa Ressurreição, a vida nova.
Muitas vezes vivemos esse tempo tão importante de qualquer jeito, apenas para cumprir os preceitos, não colocamos nosso coração e a alma nisso. Ou seja, vivemos como os fariseus, que falamos nesta semana. Eles que eram, diante dos homens, "perfeitos" por cumprirem corretamente as leis de Deus, e ficavam muito atentos a quem não cumpria como a lei pedia, muito pelo contrário. Como bem sabemos, até Jesus eles, por várias vezes, apontavam o dedo porque ele não ficava preso as leis. Não que Jesus veio desfazer a lei, JAMAIS! Ele veio apenas levar a plenitude, ensinando que para cumpri-las era preciso fazer de coração, com amor. Não é só para mostrar quem é o certo ou o errado, mas que por meio da lei encontremos a Deus e sejamos como Ele deseja, voltar a nossa essência.
É assim que nós devemos entrar neste deserto, a Quaresma, com o coração disposto a se despojar e receber as propostas de Deus. Porque só assim seremos transformados em novas criaturas. Só assim conseguiremos ir estar preparados para suportar o calvário e a Cruz, que antecedem a Ressurreição. Não há como passar por toda a paixão de Cristo tendo um coração de fariseu, porque não dará frutos, com certeza não aumentaríamos nem as chibatadas nas costas.
A Quaresma é esse tempo que nos faz fortes e novos para suportar o caminho para ressuscitar, porque não é mágica! Viver a Quaresma não é só fazer jejum e se abster de algo que você gosta muito, é ir muito além disso. É entender porque você jejum e retira o que mais gosta, é uma oferta a Deus. Nem sempre nossa penitência ou abster-se será retirar algo, como refrigerante ou chocolate, mas pode ser que seja você retirar o seu "bico" e murmurações da boca para dar lugar ao sorriso e louvor. Não basta se abster do Facebook e continuar falando mal das pessoas. Não estou dizendo aqui que esse tipo de atitude é errada, cada um precisa escolher a sua penitência, jejum e abstinência conforme a sua vida, mas consciente de que se há o sacrifício é para que algo seja transformado. Por exemplo, tirar o refrigerante para ser mais saudável ou o Face para não ser tão viciado. É ir além das atitudes, ir no mais profundo, senão corremos o risco de conseguir até viver sem isso durante os 40 dias, mas ao final continuaremos fazendo as mesmas coisas ou até piores. Não podemos ser como o jovem rico que queria saber como ganhar o Reino de deus, e ao ver que não bastava apenas seguir as leis, ficou triste e foi embora. Precisamos ser diferentes dele, como Papa Francisco orientou quando falou da Quaresma esse ano.
Nesta Quarta-feira de Cinzas possamos refletir em como podemos, de forma pessoal, viver este tempo que somos convidados a preparar um coração para amar. Que encontremos, não vários propósitos para seguir e cumprir,para depois nos embananarmos durante o percurso, mas sim um que conseguiremos viver a ponto de nos tornarmos novas criaturas.
Deixo para você refletir, minutos antes de adentrar ao deserto, esta música que tem tudo a ver com a Quaresma para que ela te ajude. Tenhamos uma frutuosa Quaresma:
