Nos últimos dias nossas redes sociais foram bombardeadas com o termo "bela, recatada e do lar", muitas pessoas revoltadas e indignadas com a matéria publicada pela revista Veja, sobre a forma de vida da mulher de Michel Temer. Se você ficou tão perdido quanto eu, leia aqui a matéria e tire as suas próprias conclusões, para podermos continuar falando desse assunto.


Talvez, como eu, você tenha se perguntado: "essa matéria causou todo aquele auê por quê? Não vi nada demais". Concordo! Mas muitas concluíram que a revista teve a intenção de ditar um padrão de mulher e que só esse tipo presta, além de tomarem tudo isso como prova do quanto a sociedade é machista. Primeiro vamos entender o que significa essas três palavrinhas?

Bela: Mulher bonita, mulher amada; Recatada: que possui pudor, pessoa reservada, demonstra modéstia, é simples, não gosta de aparecer em público, não demonstra ostentação; Do lar: Habitação doméstica de alguém, casa, família, casou-se para ter um lar.

Li e reli os significados dessas palavras e ainda não achei nada que ofenda nós mulheres, e essas palavras definem só as mulheres que ESCOLHERAM se dedicar só a família e a casa? NÃO! Podemos ser tudo isso vivendo a realidade de estudo, trabalho e tantos outros. Ou seja, já deu pra ver que o povo esqueceu de usar o dicionário né? Causaram um alvoroço desnecessário por conta da publicação de uma revista, que não é o grito da maioria do país, mesmo que seja um veículo de comunicação ele só tem o poder que nós damos a ele. Agora eu te pergunto: se fosse uma reportagem contando a história sobre mulheres que saem para protestar nuas e depredam patrimônios teriam se revoltado tanto? NÃO! Muitas que reclamaram diriam que isso é lindo e que representa a vida de TODAS as mulheres do mundo, ou seja, quando não falam o que eu acho meto o pau e causo mesmo.

Tudo isso só comprovou o quanto muitas dessas pessoas são contraditórias, por quê? Porque elas são sempre as primeiras a dizer que não devemos ser manipuladas pelas mídias e nem dar atenção para o que fala, mas o que elas fizeram? Deram atenção! São as primeiras a gritar que a sociedade é opressora e nos impede de sermos livres, ser aquilo que queremos, mas? Oprimem as mulheres, e as diminuem, por viver da maneira como a esposa do político. Nós temos que viver do jeito que elas defendem. Bom, se muitas gritam "Meu corpo, minhas regras" nós dizemos a elas "Minha vida, minhas regras e não venham meter o bedelho."

Neste tempo, em que estou desempregada, tive a oportunidade de viver um pouquinho (Não chega nem na metade) do que é cuidar de uma casa, família e trabalhar, posso dizer, com toda a convicção, que precisa ser MUITO MULHER para dar conta de tudo isso. Muitas vezes achamos algo fácil, inútil e bobo, onde qualquer pessoa faz, mas estamos muito ERRADAS. Porque tudo isso exige sim esforço mas muito mais, e principalmente, AMOR E DEDICAÇÃO em cada gesto e isso não é nada fácil. Teve muitos dias em que não aguentava mais e queria chorar, porque era muita coisa para fazer e eu não estava acostumada com nada daquilo, mas eu precisava fazer. Se fosse na época que eu era revoltada, com certeza, teria pensado como as feministas, porém a cada dia eu compreendia o quanto é digno e bonito, SIM, o fato da mulher cuidar dos outros e das coisas que lhe foram confiadas, não é feio e nem algo escravo (Claro, desde que as pessoas não abusem, porque tem né?). Cheguei a conclusão do quanto perdemos com essa nossa "moderna" educação onde não nos ensina mais a cuidar de uma casa ou de uma família, mas só ser INDEPENDENTE, porque quando chegamos nessa realidade (e isso uma hora chega) não damos conta, então nos revoltamos e jogamos para os outros, batemos no peito que isso não é para nós. Acredito que seja por isso que queremos sempre fugir, fugir para nossos trabalhos (nos enfiar lá), festinhas, barzinhos e etc, estes são apenas escape e não um estilo de vida forever.

Muitos dos comentários eram como pessoas cuspindo no prato em que comera e se lambuzaram, por quê? Porque suas mães foram exatamente assim e na boa? Não teríamos nem metade do pique de fazer tudo o que fizeram por nós (digo por mim mesma, não sou metade do que minha mãe é e faz). Eu queria era ver essa mulheres fazendo o que está descrito na imagem ao lado. Além disso, em outras postagens, elas exaltavam mulheres de filmes e histórias fictícias que foram guerreiras com a espada e/ou arma na mão. Cara, eu também sou FÃ desse tipo de coisa e admiro muito esses tipos de filmes, mas ali é só uma ilustração do que é o ser mulher, desenha o que ela é DIARIAMENTE, GUERREIRA. Outra coisa, elas estão ali só por um momento, mas as mulheres da vida real não vivem só de uma luta ou manifestação, de uma guerra, precisam ser mulheres e honrar as "saias" que vestem todos os dias. Em nosso tempo, tenho notado o quanto é fácil ser o que muitos gritam mas o quanto é árduo ser aquilo que realmente somos, assumir isso é só para quem tem coragem.

Entenda que não é errado a mulher ser do lar, isso não fere o sexo feminino, ou qualquer outro termo que foi usado na matéria. O que nos fere é usarmos a nossa vida de forma tão obsoleta, como se fossemos objetos. O que fere é ferir a liberdade de ir e vir das outras pessoas. O que fere é eu não respeitar a opinião ou escolha dos outros, só porque eu entendo que é errado (malditos achismos).  O que fere é você não saber qual o seu lugar. O que que fere é não sabermos como viver mais e fazer guerra por coisas tão pequenas enquanto o mundo sofre por outras muito maiores.

Se você ficou revoltada, tanto com o meu texto quanto com a matéria, e não concorda, ÓTIMO! Viva do jeito que você escolheu, mas não queria enfiar na cabeça das outras a serem iguais. Somos livres para sermos o que quisermos, não é isso que defendem? Não menospreza o fato de muitas escolherem serem como foi relatado, porque muitas mulheres, na grande maioria, te criaram vivendo isso. No mínimo respeite e pare de achar que tudo nessa vida é perseguição ou opressão! A mulher conseguiu os direitos há anos, ninguém mais nos impede de fazer nada, agora temos que ter consciência das consequência dos nossos atos. Ser feminista radical é fácil, difícil é assumir o seu verdadeiro papel de mulher. Isso são poucas que assumem (e eu não me incluo nisso ainda, porque estou aprendendo).